A história do teatro no Brasil teve início em meados de 1500, quando os portugueses chegaram às nossas terras e nos tornamos colônia. Em um primeiro momento, essa forma de arte foi utilizada pelos padres jesuítas com o intuito de catequização dos índios.
Isso se deu porque a população indígena já demonstrava grande inclinação para a música e a dança. Sendo assim, os religiosos perceberam o potencial do teatro como uma ferramenta de “civilização” — uma vez que a representação causava muito mais impacto do que um sermão.
No entanto, foi só com a chegada do Romantismo, no século 19, que a prática teatral se desenvolveu no país e grandes nomes começaram a surgir.
Ficou interessado? Então, continue a leitura deste artigo e conheça quatro curiosidades sobre a arte dramática no Brasil!
1. Particularidades do cenário teatral brasileiro
Como se pode perceber pela introdução, a preocupação inicial da prática teatral no Brasil era movida por interesses religiosos e não havia tanto cuidado com o aspecto artístico, mas sim com o pedagógico. As peças eram encenadas em espaços públicos ou em colégios e os atores eram amadores.
No século 17 começaram a surgir peças teatrais que celebravam acontecimentos políticos e algumas festas populares — muitas delas parecidas com o carnaval, pois as pessoas desfilavam com adereços e tocavam instrumentos enquanto dançavam pelas ruas.
Mas foi com a chegada da família real que o país vivenciou um marco no desenvolvimento de seu cenário teatral, no século 19. Isso se deu pelo Decreto de 28 de maio de 1810, assinado por D. João VI, que visava à construção de teatros de qualidade para a nobreza. Porém, as peças encenadas vinham da Europa, principalmente da França, e não traduziam a cultura brasileira.
Em 1880, escravos brasileiros foram libertados na Nigéria e fundaram a Brazilian Dramatic Company, a primeira companhia dramática brasileira. A partir de 1900, o teatro se consagrou e sobreviveu a todas as crises políticas que o país enfrentou, inclusive a ditadura de 1937 a 1945 e o Golpe Militar de 1964.
2. O primeiro teatro do Brasil
Primeiramente, é importante ressaltar que já existiam alguns pequenos teatros espalhados por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Maranhão antes do Decreto de 1810. Dentre eles, podemos citar a Casa da Ópera em Ouro Preto (MG), o Teatro São João em Salvador (BA) e o Teatro União, em São Luís (MA).
Entretanto, o primeiro Grande Teatro brasileiro foi o Real Theatro São João, no Rio, que foi inaugurado em 1813. O edifício sofreu alterações em sua estrutura devido a três incêndios e precisou passar por reformas e até reconstruções. Além disso, mudou de nome algumas vezes — o mais conhecido deles foi Teatro São Pedro. A partir de 1923, passou a ser conhecido por sua alcunha atual: Teatro João Caetano.
Esse teatro é um local muito importante para a história do Brasil, pois foi lá que a primeira Constituição foi assinada. Atualmente, também é conhecido por sua versatilidade, uma vez que recebe peças de gêneros bastante variados. O prédio fica localizado na Praça Tiradentes, no Centro Histórico do Rio de Janeiro.
3. Grandes nomes da história do teatro brasileiro
Agora que você já sabe mais sobre essa arte no país, conheça, a seguir, os principais participantes do cenário teatral ao longo do tempo.
Padre José de Anchieta
Considerado um grande manifestante da cultura medieval no Brasil, José de Anchieta chegou ao país em 1553. Seus autos tinham como objetivo a catequese dos índios e continham características tanto indígenas quanto religiosas. Além disso, sua poesia em verso medieval também merece destaque, bem como a primeira gramática do tupi-guarani — que servia como a cartilha dos nativos.
João Caetano
Nascido no Rio de Janeiro, esse foi um grande ator do século 19 no país e, além de empresário e ensaiador, era autodidata na arte dramática. Seu trabalho é visto como grande referência na reforma do cenário teatral do país e suas ideias estão presentes em seus dois livros: “Reflexões Dramáticas” (1837) e “Lições Dramáticas” (1862).
Em 1860, abriu uma escola de teatro com ensino gratuito e também criou um júri para avaliar e premiar as produções teatrais no país.
Artur Azevedo
Maranhense, Azevedo chegou ao Rio aos 18 anos (em 1873) e foi crítico teatral. Sua carreira nesse ramo começou com a tradução e a adaptação de peças teatrais francesas — foram cerca de 40 comédias que retratavam os costumes da sociedade. Participou da construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e tornou-se o nome mais conhecido do cenário dramático nacional daquela época.
Machado de Assis
Você, com certeza, conhece Machado de Assis por seus romances atemporais (como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas), não é mesmo? No entanto, esse grande escritor brasileiro também teve uma importante participação no desenvolvimento da dramaturgia nacional.
Assim como Azevedo, traduziu diversas peças de teatro francesas e foi crítico atuante no Conservatório Dramático. Além de seus livros, deixou poesias, contos, comédias e também algumas peças de teatro.
Quanto a nomes mais atuais, podemos citar Nelson Rodrigues, Dias Gomes, Miguel Falabella e Ivo Bender.
4. As peças teatrais mais icônicas do país
Conheça, agora, as principais obras dramatúrgicas brasileiras, sucesso de público e crítica.
O Juiz de Paz na Roça
É a primeira comédia de costumes brasileiro, tem 23 atos e foi escrita por Martins Pena em 1838 — é considerada uma das melhores obras dramáticas do Brasil, com críticas sociais aos costumes do Rio de Janeiro. Sua primeira encenação nos palcos aconteceu em outubro de 1938.
O Auto da Compadecida
De Ariano Suassuna, foi encenada para primeira vez em 1956, em Pernambuco, e dirigida por João Cândido. Seu sucesso se deu ao misturar de maneira inteligente elementos do barroco católico e da cultura popular, passando pelo cordel e pela comédia. Em 1999 virou filme e é celebrado até hoje.
O Pagador de Promessas
Escrita por Dias Gomes, teve sua estreia em 1960, no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo. Seu filme homônimo foi escrito por Anselmo Duarte e lançado em 1962 — o longa levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, na França.
A Partilha
Esta é a obra mais atual da lista e foi escrita e dirigida por Miguel Falabella em 1991. A comédia dramática ficou 6 anos em cartaz e foi encenada em 12 países, o que levou a uma continuação em 2000: A Vida Passa, também de autoria de Falabella.
Como pudemos perceber, o cenário teatral brasileiro possui uma história muito rica e diversa, com opções que agradam todos os gostos e idades. Apesar da forte influência europeia, principalmente francesa, aos poucos os dramaturgos encontraram sua voz e transformaram o teatro em uma arte bastante democrática.
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